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PRECISA-SE DE DINHEIRO! VENDEM-SE POESIAS!

Atualizado: 8 de jun. de 2019


Eu estava pronta para escrever outra matéria para o eLeve-se. Já tinha pauta definida e um esboço do texto. Mas, fui “atropelada” por uma grande emoção ao ser surpreendida com um pedido: “Preciso de dinheiro. Você me ajuda? Pode me doar alguns reais? Ou acha melhor comprar minhas poesias? Cada uma custa R$ 4. E faço três poesias por R$ 10”. Aquela proposta me inspirou a escrever este texto sobre alguém que eu jamais imaginei que pudesse ser um “vendedor” de amorosidade!

Otávio de Melo Lourenço tem 13 anos. Filho de mãe enfermeira e pai farmacêutico, foi o único sobrinho da família por mais de 11 anos. Rodeado de primas, tias e avós, ele conservava uma postura de bad boy, de “o primo durão”, que ama jogos de videogame e dá pouca bola para “frescuras”, para “coisas de meninas”.


De Otávio, o garoto “linha dura”, eu esperava muitas ideias sensacionais. Mas, eu jamais poderia imaginar que, para conseguir o dinheiro que precisava, ele pensaria em algo tão criativo e amoroso: vender poesias, vender arte, vender sentimentos, vender palavras de amor!

Quando li a proposta dele nas primeiras mensagens de whatsapp, uma forte onda de calor explodiu em meus olhos e no coração! Era como se eu estivesse vendo uma flor se abrindo no meio de um grande descampado! Era como se eu estivesse escutando uma voz celestial: “Veja, Renatha, uma das maravilhas que existem no coração do seu sobrinho!”.


Não me contive de tanta emoção e orgulho. Virei para o frentista que abastecia meu carro e contei: “Olha que legal! Meu sobrinho está me vendendo poesias para juntar um dinheiro que ele precisa!”.


Bem jovem, o frentista abriu um grande sorriso e respondeu: “Compre as poesias! Incentive seu sobrinho!”. E eu devolvi: “Sim, já comprei! Ele me ofereceu três e eu encomendei quatro poemas por R$ 30!”. Enquanto eu pagava o funcionário do posto de combustíveis, as lágrimas carinhosamente lavavam meus olhos e acariciavam meu coração! E o frentista novamente me sorriu!

A ILIMITADA CAPACIDADE DO AMOR – Eu e Otávio ainda estendemos a troca de mensagens. Confirmei que eu lhe faria aquela doação; mas, pedi que ele não comprasse qualquer jogo que incitasse a violência.


Falamos sobre armas e, pela primeira vez, meu sobrinho entendeu que violência gera violência. E que o “argumento” da “legítima defesa” é a “justificativa” da indústria bélica para gerar mais violência e se manter neste mercado que movimenta bilhões de dinheiros, retroalimentando o mal para vender mais e mais armas.

O poeta Otávio e a minha filha Alice

Aquele foi um dia e tanto na minha vida! Conheci um sobrinho que ainda não havia se apresentado a mim durante estes 13 anos! Um dia que reforçou um pensamento que sempre tive e, de tempos em tempos, se confirma: a importância e beleza de sabermos enxergar as flores que existem em cada coração aparentemente duro. Reconhecermos estas flores, regá-las e nutri-las com amor para que elas permaneçam vivas, lindas e perfumando o mundo!


Acreditei no meu sobrinho e doei a ele alguns reais! Recebi muito mais! Eu e minha filha fomos presenteadas com poesias e amor!


Assim, “o ciclo é posto a girar: o ciclo de receber e retribuir” (Bhagavad-Gita).


Doe-se você também! Não dói!




"Tudo que a memória amou

Já ficou eterno

Por isso que se deve entender seu interno

Para poder modificar seu externo"


"(...) Ao mesmo tempo que amar é cuidar

Amar é ser cuidado

Por isso temos que agradecer de bom grado

Quem sempre esteve ao nosso lado"


"(...) Quem quer que você seja

Você precisa de uma família"


"Neve a cair

Criança a sorrir

Só pensam em brincar

Na neve a trilhar (...)"


Otávio de Melo Lourenço


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